Sei que perderei leitores, mas estou aqui para falar o que penso. Não para afagar oba-oba que domina a cena pública. Sou contra a realização da copa do mundo de futebol em nossa cidade, sobretudo, no modelo em que supostamente ela será desenvolvida.
Imaginemos que ela de fato aconteça e que os pessimistas (realistas?) estejam errados. Não seria racional equacionar as suas reais implicações? Se ela trará benefícios? E para quem?
Ora, temos de pensar nas suas reais consequências:
- O dinheiro para as obras estruturantes não virá a “fundo perdido”, conforme prometeram. Nada de graça. A prova é que a própria prefeitura de Natal acaba de pegar 300 milhões emprestados da caixa econômica federal para mobilidade urbana;
- A Parceria-Público-Privada (PPP) é um engodo conceitual, pois neste tipo de relação os dois entram com uma parte. Ajuda mútua. Entretanto, o que está acontecendo é que o estádio será construído e o governo do RN pagará com juros e correções monetárias – 1,3 Bilhões ao todo. Isto pode ser denominado de parceria? Pensem no endividamento do estado e do município. O carnê será inesgotável. O próprio MPF já entrou com várias representações para tentar revisar e, possivelmente, anular a licitação. O MPF alega que é um absurdo delimitar este processo como uma PPP;
- Passada a construção, depois de todos os transtornos advindos da derrubada do Machadão (não se sabe ainda aonde serão colocados os restos do “poema de concreto”) e da Arena a ser erguida, estaremos com um elefante branco (um papodromo em escala ampliada) na mão e com uma parte da cidade, que já é altamente adensada, ainda mais congestionada. Uma tragédia para a nossa qualidade de vida.
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