terça-feira, 16 de novembro de 2010

Treinando o Cordel


Bicicleta Alternativa

Bicicleta de todo dia
Da lida cotidiana
Parece rir pra gente
Sorrir quem nela anda
Fez os adultos lembrarem
O tempo bom de criança

Algum tempo da vida
Todo alguém se arrisca
Se não pratica pequeno
Mais tarde se dedica
 Na arte de pedalar
Cuca inspirada cria

 Importante pra quem usa
Levando a quem deseja
Sou eu o motor pensante
Digo nessa peleja:
Pedalando eu estou
Cuidando do planeta

A cidade se encontra
Muito poluída e quente
Toda fumaça escapada
Vai pro pulmão da gente
E o cheiro de gasolina
Que grande mal pra mente

Ocupe menos espaço
Trabalhe a mente e o corpo
Menos engarrafado
Tempo livre de novo
Pra curtir sua família
Deixe seu carro logo

Vem pedalar com a gente
Já é uma alternativa
Pra cidade e o planeta
Você contra a rotina
Pedale a sua magrela
Mude pra melhor a vida

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quando eu vejo um adulto em uma bicicleta, eu não perco a esperança na raça humana.
H.G. Wells
Dedico a todos os amigos que fizemos, novamente estamos unidos. São os laços que colaboram no desenho vivo da cepa da evolução humana, e puderam ser redescobertos, vivificados no passeio a Diogo Lopes.  
O rio leva o espinho
Leva o touro atolado
No brejo seco.
Uma vala enorme
Sedutora como as nuvens no céu,

O mato, arbusto espetado
Feito flecha no chão
Onde passa a estrada
Descobre o barro vermelho
Casas fantasmas e madeira.

Barro queimado
O meio do nada
Não dividi a terra,
Se não é a estrada.
Sol que maltrata,
Choca o fogo da queimada

O abandono do concreto.
Vidas humanas da cidade abandonada
Dúbios efeitos do sertão que beira o mar
E anseios dos amantes.
Porteiras abertas para surgir o novo
Contagia a quentura, beneficia o ser

A paisagem sertaneja
Por onde passa o rio,
Onde desagua o mar
Sobre a terra, águas invisíveis
Correm nas suas conchas brancas
Doutro tempo que brinca em voltar.

A esperança acolherá como a transformação
Do mundo noutro
Ter braços em que se apoiar
Em mãos construtoras que erguem
Não só o ser, são os amigos que
Levantam o mundo invisível
Dos sonhos dessa nova hora.

sábado, 6 de novembro de 2010

Um Homem Sonha - Por Frederico Menezes

Quero encontrar a minha acrópole. Nela, encontro os sábios e o mundo ideal.
Quero o mundo sem indiferença e nele não há espaços para a mentira e a menina chora lágrimas de alegria.

Desejo o mundo onde resplandece a luz de uns olhos límpidos e todas as faces parecem refletir o sol.
Nele, todos os sons replicam a música da qual tenho sede. E nele tudo o que existe tem o perfume de Deus.

Tenho ânsia por um sonho, onde não há adeuses, nem coração ferido por saudade, nem a amargura das sombras que oprimem e enganam...
Tenho um sonho que anseia tornar-se realidade e onde nele todos os corações queridos estão, fazendo mais queridos os que ainda não o são.

Nesta acrópole dourada, um homem sonha. E o que o mal não pode fazer, dentre inúmeras coisas, é impedir os sonhos, que tornar-se-ão verdades.

Frederico Menezes 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Poesia de Rua

Passe o passe
Pela janela aberta,
Ouça a catraca
O barulho da moeda.
Penetre o cinema,
Na tela espirrada
 - Que brilha, brilha gotas vermelhas.

A poesia brotou das cidades,
Escrita nos túneis 
Aquela imagem dementada,
De uma lembrança antiga,
Que erguia menos viadutos
Para servir de casa.

O vento das palavras
O boato da filosofia
Diz o êxodo dos corações.

No asfalto não brotaram flores,
As pétalas brotam de nossas pálpebras,
Correm aos pés rios de esgoto.
A pele se fez de ferro fosco,
O som é de ranger de dentes.

Não existe tempo,
Agrupamento,
Ou pensamentos.

No meu apartamento
Planta-se bananeira,
O chão veio pelos ares
E o céu caiu
Sobre nossas cabeças.

Sendo essa arte
Quem nos desenhou 
Tanta esperança, 
Aguçemos nossos ouvidos:
Uma criança ainda chora lá fora

 POetas da cidade, quem foram eles?
 
Os mestres que viram a mudança chegar

Pouco a pouco nas cidades,
Ou de mudança,

Viram o bonde passar antes do fim.
Já era o final, nos trilhos

Chegando na próxima semana.

Apareceriam motores.
"Almejo sim, isto, trapaceiro!"
Da modernidade,
Que viu muito, amou
Melancólica a guerra, o carro, o poeta...
Quem diria na gaveta, Jorge Fernandes:
Nem os cães ladram como antes.

A única árvore na avenida
É gorda demais
Mancha a vista
Traz de baixo do chão
Mortos-vivos do futuro 
Que queremos espantar.
Cemitérios já são pequenas cidades
Da região metropolitana do pensamento humano.
 
Morto ou Vivo?
Tudo escarnece na terra
Tudo é secraficado
Palavras moribundas
Perdidas no abismo
Do dogma crucificado
Se colocarmos esse abismo
De cabeça para baixo
Estaremos mais proximos
Da chegada ao começo
Da estrada sem o fim percebido
Pretende essa gente
Continuar a caminhada?
Preciso levantar
Continuar com essa gente.