quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Estacionamento do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA da Ufrn



Motoristas assaltam mais uma vez.
Cheirosos. Vestem-se bem.
Lêem livros de direito
E não o distinguem bem.
Compraram grande demais,
Ou mais espaço é que lhe pertence?
Não fará mal a ninguém.
 


Tudo deveria ser um grande estacionamento!


O vermelho diz,
"Aqui não existe espaço."
Nem as letras do alfabeto
Estão livres da proibição
Indecente.
Condenadas sem culpa
Cárcere:
Paredes pintadas de branco
Uma só janela.

BCZM - Ufrn ops
Calçada + rampa - pacote completo



Poucas palavras.
Caras feias.
Rastros de Violência:
Obesos deixaram
Sua prisão mental.
Gordura que veste
E vai a academia.

Setor II da Ufrn




Um momento

Tosco para eternidade
Mais cômodo e sujo.
Alguns segundos a menos
Concreto em falso,
Esperando abrir
Para o vazio.
Um minuto
Para vigiar 
O próprio ato
Obviamente impensado. Mas,
Todo mundo erra
Eu erro também.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pensei

Pensei hoje que,

A bicicleta me deu mais tempo para pensar nas coisas que realmente importam.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Inspiração Repentina

Ciclo-vigaem a Diogo Lopes, RN
Girogirando
O mundo e a síndrome do giro
Porque tudo gira
Porque tudo quer girar,
Como o nosso planeta
Que fez-nos girar
No útero ainda
E ninguém deu
A instrução de vôo!

Rolamos em um espaço
Tão pequeno.
Para o homem 'maduro'
A brincadeira de roda
É um universo a ser descoberto.
De novo e de novo.
Uma melodia que nos chama
Que vem nos chamar.

Enrolo os metros para desaparecer
No horizonte da terra,
Seguro-me para não ir.
Muitos estão sendo levados
Pela correnteza do tempo
O tempo é água e o vento juntos
- Levam alguma coisa sempre -
Como é o sol o livro
A iluminar a casa do pensamento.

E                       gira o pensamento    girando        não        se          sabe      como
                                                                                    mas                   assim feito                 girassol

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Treinando o Cordel


Bicicleta Alternativa

Bicicleta de todo dia
Da lida cotidiana
Parece rir pra gente
Sorrir quem nela anda
Fez os adultos lembrarem
O tempo bom de criança

Algum tempo da vida
Todo alguém se arrisca
Se não pratica pequeno
Mais tarde se dedica
 Na arte de pedalar
Cuca inspirada cria

 Importante pra quem usa
Levando a quem deseja
Sou eu o motor pensante
Digo nessa peleja:
Pedalando eu estou
Cuidando do planeta

A cidade se encontra
Muito poluída e quente
Toda fumaça escapada
Vai pro pulmão da gente
E o cheiro de gasolina
Que grande mal pra mente

Ocupe menos espaço
Trabalhe a mente e o corpo
Menos engarrafado
Tempo livre de novo
Pra curtir sua família
Deixe seu carro logo

Vem pedalar com a gente
Já é uma alternativa
Pra cidade e o planeta
Você contra a rotina
Pedale a sua magrela
Mude pra melhor a vida

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quando eu vejo um adulto em uma bicicleta, eu não perco a esperança na raça humana.
H.G. Wells
Dedico a todos os amigos que fizemos, novamente estamos unidos. São os laços que colaboram no desenho vivo da cepa da evolução humana, e puderam ser redescobertos, vivificados no passeio a Diogo Lopes.  
O rio leva o espinho
Leva o touro atolado
No brejo seco.
Uma vala enorme
Sedutora como as nuvens no céu,

O mato, arbusto espetado
Feito flecha no chão
Onde passa a estrada
Descobre o barro vermelho
Casas fantasmas e madeira.

Barro queimado
O meio do nada
Não dividi a terra,
Se não é a estrada.
Sol que maltrata,
Choca o fogo da queimada

O abandono do concreto.
Vidas humanas da cidade abandonada
Dúbios efeitos do sertão que beira o mar
E anseios dos amantes.
Porteiras abertas para surgir o novo
Contagia a quentura, beneficia o ser

A paisagem sertaneja
Por onde passa o rio,
Onde desagua o mar
Sobre a terra, águas invisíveis
Correm nas suas conchas brancas
Doutro tempo que brinca em voltar.

A esperança acolherá como a transformação
Do mundo noutro
Ter braços em que se apoiar
Em mãos construtoras que erguem
Não só o ser, são os amigos que
Levantam o mundo invisível
Dos sonhos dessa nova hora.

sábado, 6 de novembro de 2010

Um Homem Sonha - Por Frederico Menezes

Quero encontrar a minha acrópole. Nela, encontro os sábios e o mundo ideal.
Quero o mundo sem indiferença e nele não há espaços para a mentira e a menina chora lágrimas de alegria.

Desejo o mundo onde resplandece a luz de uns olhos límpidos e todas as faces parecem refletir o sol.
Nele, todos os sons replicam a música da qual tenho sede. E nele tudo o que existe tem o perfume de Deus.

Tenho ânsia por um sonho, onde não há adeuses, nem coração ferido por saudade, nem a amargura das sombras que oprimem e enganam...
Tenho um sonho que anseia tornar-se realidade e onde nele todos os corações queridos estão, fazendo mais queridos os que ainda não o são.

Nesta acrópole dourada, um homem sonha. E o que o mal não pode fazer, dentre inúmeras coisas, é impedir os sonhos, que tornar-se-ão verdades.

Frederico Menezes 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Poesia de Rua

Passe o passe
Pela janela aberta,
Ouça a catraca
O barulho da moeda.
Penetre o cinema,
Na tela espirrada
 - Que brilha, brilha gotas vermelhas.

A poesia brotou das cidades,
Escrita nos túneis 
Aquela imagem dementada,
De uma lembrança antiga,
Que erguia menos viadutos
Para servir de casa.

O vento das palavras
O boato da filosofia
Diz o êxodo dos corações.

No asfalto não brotaram flores,
As pétalas brotam de nossas pálpebras,
Correm aos pés rios de esgoto.
A pele se fez de ferro fosco,
O som é de ranger de dentes.

Não existe tempo,
Agrupamento,
Ou pensamentos.

No meu apartamento
Planta-se bananeira,
O chão veio pelos ares
E o céu caiu
Sobre nossas cabeças.

Sendo essa arte
Quem nos desenhou 
Tanta esperança, 
Aguçemos nossos ouvidos:
Uma criança ainda chora lá fora

 POetas da cidade, quem foram eles?
 
Os mestres que viram a mudança chegar

Pouco a pouco nas cidades,
Ou de mudança,

Viram o bonde passar antes do fim.
Já era o final, nos trilhos

Chegando na próxima semana.

Apareceriam motores.
"Almejo sim, isto, trapaceiro!"
Da modernidade,
Que viu muito, amou
Melancólica a guerra, o carro, o poeta...
Quem diria na gaveta, Jorge Fernandes:
Nem os cães ladram como antes.

A única árvore na avenida
É gorda demais
Mancha a vista
Traz de baixo do chão
Mortos-vivos do futuro 
Que queremos espantar.
Cemitérios já são pequenas cidades
Da região metropolitana do pensamento humano.
 
Morto ou Vivo?
Tudo escarnece na terra
Tudo é secraficado
Palavras moribundas
Perdidas no abismo
Do dogma crucificado
Se colocarmos esse abismo
De cabeça para baixo
Estaremos mais proximos
Da chegada ao começo
Da estrada sem o fim percebido
Pretende essa gente
Continuar a caminhada?
Preciso levantar
Continuar com essa gente.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

(Helena Maziviero, Agência Fotec)

Transporte público em Natal: quem conhece, desconfia  

02 Outubro 2010 - Empresas de ônibus da cidade obrigam usuários a viajar em veículos antigos, que quebram constantemente

Helena Maziviero
Ônibus antigos que quebram constantemente fazem parte da rotina dos passageiros de Natal (Foto: Helena Maziviero/Fotec)
Ônibus antigos que quebram constantemente fazem parte da rotina dos passageiros de Natal (Foto: Helena Maziviero/Fotec)
Próximo ao horário do almoço, por volta das 11h30, Carlos Cunha, um aposentado de 67 anos, espera o ônibus na Avenida Salgado Filho, uma das principais vias da cidade. “Aqui deveriam passar mais ônibus. Já faz tempo que não passa nenhum”, reclama. Ele vai para a Zona Sul, em uma região de divisa, desprovida de responsabilidade administrativa e onde as cidades de Natal e Parnamirim brigam para resolver de quem é o filho resultante do crescimento urbano não planejado.
Dois ônibus se aproximam. Carlos inclina o corpo para frente e dá o sinal de parada. O primeiro ônibus estaciona e abre as portas esperando o embarque. Carlos faz que não com o dedo e explica que o veículo certo é o que está atrás. Mas já é tarde. O transporte tão esperado havia passado rápido pela esquerda, sem se preocupar com o senhor que o aguardava. “Que absurdo!”, reclama o passageiro ignorado.
Carlos segura firme uma pasta de couro entre os braços e já está bastante impaciente, vociferando contra o transporte público da cidade. Senta-se novamente no banco e faz a única coisa que lhe resta: esperar.
Muitos ônibus mais tarde, o Nova Parnamirim - via Maria Lacerda finalmente aponta no horizonte. Em um sobressalto, Carlos estica o braço e quase implora a parada do veículo. Dessa vez ele obtém sucesso. Exibe a carteira de identidade que garante a gratuidade em transportes públicos e entra pela porta traseira. Antes que Carlos tenha tempo de se acomodar em um dos bancos, o ônibus arranca e segue viagem.
Já na BR 101, o veículo está lotado principalmente por estudantes, que preenchem os poucos espaços vazios do coletivo com bolsas, livros e cadernos, obstruindo ainda mais o caminho de quem ousa se locomover. Mesmo assim, o ônibus segue inabalável seu trajeto, até o momento em que um ruído incomum, vindo das engrenagens do veículo, une-se ao ronco costumeiro do motor e faz com que o ônibus comece a perder velocidade, até parar no acostamento da rodovia.
O motorista desce para verificar. Os passageiros aguardam ansiosos, esticando o pescoço para enxergar o que se passa. Com expressão de desapontamento, o condutor do veículo anuncia a sentença: “Terão de trocar de carro. Esse quebrou.”. Depois do murmúrio geral de insatisfação, os passageiros se aglomeram no ponto de ônibus mais próximo. Carlos está lá, segurando sua pasta de couro e dividindo sua insatisfação com qualquer pessoa que esteja a sua volta. “Esses ônibus são todos velhos, vivem quebrando. Não tem sequer um que preste”, reclama.
O transporte público de Natal, que, na verdade, se resume às linhas de ônibus, estava demonstrando o quão ineficiente e precário é o sistema do qual dependem diariamente milhares de pessoas.
Motoristas mal educados, horário irregular, atrasos, passagens elevadas e frota antiga, muitas vezes sem acesso para deficientes, são elementos que fazem parte do cotidiano de quem utiliza o transporte público da cidade. Mas, naquele momento, o descontentamento geral se percebeu quando um ônibus recém-chegado teve de enfrentar a fúria dos passageiros que embarcavam rápido pela porta traseira. O motorista anuncia que não pode, já que o veículo quebrado pertencia a uma empresa diferente. “Vocês devem esperar um ônibus que seja da mesma empresa”, informa o condutor. Tarde demais. Do meio da multidão alguém grita: “Depois que eu subir, quero ver quem me tira!”. De dentro do ônibus o cobrador reclama, dizendo que a demora no embarque está atrasando o horário do veículo. O cobrador comenta que, na verdade, ele e o motorista estão fazendo um favor aos passageiros do ônibus quebrado. “Não é nossa obrigação”, anuncia convicto.
Em total desconforto, todos finalmente embarcam e seguem viagem. Inclusive Carlos, que viajou em pé segurando a pasta de couro. No desembarque, o aposentado se atrapalha, aguardando em frente a uma porta dedicada aos deficientes e que tinha a inscrição “Desembarque pela porta trazeira”. Assim mesmo, com “z”.
A superlotação e as passagens caras são alguns dos problemas do transporte público de Natal (Foto: Helena Maziviero/Fotec)
A superlotação e as passagens caras são alguns dos problemas do transporte público de Natal (Foto: Helena Maziviero/Fotec)
[Relato do repórter] A pauta mora ao lado
Eu estava sem pauta, sentada em um ponto de ônibus no meio da Avenida Salgado Filho. Minha intenção inicial, de falar sobre o abandono do teatro municipal Sandoval Wanderley, não rendeu matéria. A professora me disse que uma outra aluna, no semestre passado, já havia feito uma reportagem com esse tema. Era verdade. Conferi no site da Fotec a ótima matéria escrita por Diana Coelho.
Eu queria algo diferente. Um assunto que não estivesse lá, só esperando para ser explorado. Queria descobrir alguma coisa nova, algum personagem representativo e aparentemente pequeno diante da imensidão dos assuntos que normalmente preenchem os veículos jornalísticos.
Lembrei de um senhor muito idoso que, mesmo aposentado, teimava em servir de guia turístico e cuidar do teatro Alberto Maranhão. Liguei para a bilheteria perguntando pelo seu Pedro, como é carinhosamente chamado. A moça do outro lado da linha me informou que ele não trabalha mais lá, que foi substituído por outra funcionária. Desligo o telefone desapontada. Eu até poderia fazer um trabalho investigativo, descobrir onde mora o seu Pedro e ir até sua casa, mas definitivamente não seria a mesma coisa. Minha idéia era a de que ele me guiasse pelo teatro, contando as famosas histórias de assombrações de atores mortos que vagam pelo prédio centenário.
Em meio à minha angustiante falta de criatividade por não conseguir pensar em sequer um assunto interessante para um trabalho de faculdade, eis que quase não reparo em um senhor um tanto caricato, sentado ao meu lado no ponto de ônibus.
Ele veste uma camiseta listrada de gola e usa os poucos cabelos brancos que lhe restam muito bem penteados. Seu nome é Carlos Cunha e está reclamando dos ônibus de Natal, da falta de respeito dos motoristas e do preço da passagem. Começamos a conversar e descubro que temos o mesmo destino. Espero o ônibus junto com ele. No fim das contas, a companhia de Carlos e a viagem me renderiam uma boa pauta. Chegando em casa, escrevi a matéria. (Helena Maziviero)

domingo, 6 de junho de 2010

Provérbio Zen

"Um mestre Zen viu cinco dos seus discípulos voltando das compras, pedalando suas bicicletas. Quando eles chegaram ao monastério e largaram suas bicicletas, o mestre perguntou aos estudantes: “Por que vocês anda com suas bicicletas?”

O primeiro discípulo disse: “A bicicleta carrega, para mim, os sacos de batatas. Estou feliz por não ter de carregá-los em minhas costas!” O mestre elogiou o primeiro aluno: “Você é um rapaz muito inteligente! Quando você crescer você não andará curvo como eu ando.”

O segundo discípulo disse: “Eu adoro ver as árvores e os campos por onde passo!” O mestre elogiou o segundo discípulo: “Seus olhos estão abertos e você enxergará o mundo.”

O terceiro discípulo disse: “Quando eu pedalo minha bicicleta eu fico feliz em ber mio renge quio.” O mestre louvou o terceiro estudante: “Sua mente se expandirá com a suavidade de uma roda novamente centrada.”

O quarto discípulo falou: “Pedalando minha bicicleta eu vivo em harmonia com todas os seres sensíveis.” O mestre ficou feliz e disse ao quarto estudante: “Você pedala no caminho dourado do bondade.”

O quinto aluno disse: “Eu pedalo minha bicicleta por pedalar”. O mestre sentou-se aos pés do quinto estudante e disse: “Eu sou seu discípulo."