Poesia de Rua
Passe o passe
Pela janela aberta,
Pela janela aberta,
Ouça a catraca
O barulho da moeda.
Penetre o cinema,
Na tela espirrada
- Que brilha, brilha gotas vermelhas.
A poesia brotou das cidades,
Escrita nos túneis
Aquela imagem dementada,
De uma lembrança antiga,
Que erguia menos viadutos
Para servir de casa.
O vento das palavras
O boato da filosofia
Diz o êxodo dos corações.
No asfalto não brotaram flores,
As pétalas brotam de nossas pálpebras,
Correm aos pés rios de esgoto.
A pele se fez de ferro fosco,
O som é de ranger de dentes.
Não existe tempo,
Agrupamento,
Ou pensamentos.
No meu apartamento
Planta-se bananeira,
O chão veio pelos ares
E o céu caiu
Sobre nossas cabeças.
Sendo essa arte
Quem nos desenhou
Tanta esperança,
Aguçemos nossos ouvidos:
Uma criança ainda chora lá fora POetas da cidade, quem foram eles?
Os mestres que viram a mudança chegar
Pouco a pouco nas cidades,
Ou de mudança,
Viram o bonde passar antes do fim.
Já era o final, nos trilhos
Chegando na próxima semana.
Apareceriam motores.
"Almejo sim, isto, trapaceiro!"
Da modernidade,
Que viu muito, amou
Melancólica a guerra, o carro, o poeta...
Quem diria na gaveta, Jorge Fernandes:
Nem os cães ladram como antes.
A única árvore na avenida
É gorda demais
Mancha a vista
Traz de baixo do chão
Mortos-vivos do futuro
Que queremos espantar.
Cemitérios já são pequenas cidades
Da região metropolitana do pensamento humano.
Morto ou Vivo?
Cemitérios já são pequenas cidades
Da região metropolitana do pensamento humano.
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