quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bicicletada

 Texto apresentando a  disciplina Capitalismo e Questão Social do Curso de Serviço Social, 3º período.
Bicicletada ( Massa Crítica ) San Francisco

Bicicletada

A Bicicletada, movimento horizontal, sem líderes, criação coletiva sem donos ou hierarquias, foi inspirada no evento mundial denominado como Massa Crítica ( Critical Mass). Nome que é originário de um estudo de mobilidade realizado nas cidades chinesas, no caso, "onde não existe sistema de regras de trânsito nem uma presença significativa de semáforos" (http://bicicletadapoa.blogspot.com/2006/10/um-pouco-de-histria.html), a Bicicletada nasceu da própria falta de direitos das pessoas terem na bicicleta um meio de transporte: chegando-se a conclusão que as bicicletas somente eram capazes de passar num cruzamento de fluxo intenso de veículos quando atingissem certa quantidade de ciclistas, alcançando daí um ponto crítico, ou uma "Massa Crítica" capaz de parar o trafego de caminhôes e carros.
A primeira Massa Crítica se deu na cidade de São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos, difundiu-se pelas principais cidades do país e passou a ser realizada a princípio em alguns países da europa. Hoje, ela ocorre em várias regiões do mundo, no Brasil em mais de 80 cidades, inclusive no Rio Grande do Norte, na capital do estado Natal e em Mossoró.
A Bicicletada questiona radicalmente a sociedade do automóvel, refletindo essa sociedade individualista, marcada pelas desigualdades, e a condição do ser humano que oprime ser humano, ensinada pelo ideal competitivo, de concorrência que se evadiu do modelo econômico, para cristalizar-se no modelo social. A ditadura dos automóveis, conhecida por aqueles que mais sofrem com a cultura do carro, traduz a perda do espaço público; a precarização da qualidade de vida nas cidades; imobilidade urbana; a poluição com o adoecimento do trabalhador e a redução da expectativa de vida; o crescimento e banalização da violência, como a própria coisificação dos indivíduos e a degradação do meio ambiente.
Menos poluição, melhor para o pulmão
A poluição tem grande prejuízo a saúde, destacando a poluição do ar e a sonora, que comprovadamente trazem danos acumulativos a toda população, principalmente crianças e idosos.
Tomando como nosso maior exemplo a cidade de São Paulo, onde o nível de poluição gerado pelo transporte individual corresponde a 70% de gases tóxicos, dentre eles o CO2, o NO2 (dioxido de nitrogênio) e o enxofre, que saem dos canos de espace de menos de 1% da população  que utiliza o automóvel como meio de transporte egoísta, parcela responsável também por inutilizar 80% do espaço urbano público, obstacularizando a vida de pedestres, ciclistas e pessoas com deficiência, revela a escolha pelo modelo de mobilidade e desenvolvimento que São Paulo escolheu equivocadamente, e que vem sendo infelizmente espelho para outras cidades como Natal.
Segundo a  Organização Mundial de Saúde (OMS) a quantidade segura  para saúde de material particulado, ou seja poeira e fuligem, está em torno de 25mg/m3 a cada dia, tomando ainda o nosso exemplo, em algumas das principais avenidas de São Paulo o nível de material particulado atinge cerca de 811mg/m3, o que equivale a uma carteira de cigarro ao dia.
A poluição sonora a níveis seguros, sem dano, de 50 decibeis , numa grande cidade como São Paulo, atinge a média de 78 db, e picos de 95 decibeis:  limite do equipamento (decibelimetro) medidor usado.  A poluição mata 3 mil pessoas ao ano em São Paulo, custo é de 1 bilhão e meio de dolares  por ano. Pergunta-se: É essa a cidade que as pessoas querem para viver? Será a Natal que herdará a próxima geração?
Observamos que um número maior de veículos automotores preenchem as ruas da cidade do Natal, segundo o Detran de 2000 a 2009 a frota de automóveis cresceu 67%, a maior parte da população, os trabalhadores usuários do transporte coletivo, sofre com os congestionamentos que tendem a piorar, isso significa dizer maior tempo de exposição a essa poluição, acentuando o número de doenças respiratórias, psicológicas e do coração. A capital no conceito da grande metrópole que coloca o seu crescimento na frente do próprio suprimento das necessidade mais básicas das pessoas.
O chamado desenvolvimento sustentável está intimamente ligado a forma como as pessoas escolhem por se locomover, a sua relação com o meio ambiente urbano e como relaciona-se com as outras pessoas dentro da cidade, o que dialoga com as mudanças que estão ocorrendo no planeta, e as necessidades de adaptação da humanidade a uma realidade não tão positiva.
Pensar para contestar essa realidade que aparece como natural, dita como um mau necessário ao desenvolvimento que se pauta na privação de direitos de uma maioria em privilégio de uma minoria, ilustra a luta, a guerra urbana, que o movimento Massa Crítica trava na cidade.

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