segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ghost Bike - Familiares e amigos prestam homenagens ao companheiro de luta

Essa ghost bike representa a homenagem de todos que foram assaninados e mortos na cidade defendendo mais bicicletas nas ruas, com a perspectiva de que não vamos esquecer vocês, que vamos continuar a lutar,
 buscar nossos direitos e defender os mais fracos.


Quantos de nós ainda precisarão morrer?

Abril, 2011
Local: RN 160 com BR 101, na rotatória em frente ao nordestão da Tomáz Landim.

Descrição (por familiares): Motociclista e ciclista vinha no sentido SGA centro, quando houve a colisão. O ciclista vinha para a av. da fronteiras iria pegar a rotatória pra isso, o motociclista por sua vez iria fazer o mesmo. Colisão ocorrida no meio da faixa de rolamento, a motocicleta atingiu a o ciclista já em derrapagem, o que arremessou o mesmo por 5 ou 6 metros. CONSTATAMOS QUE: SE O JOSUÉ ESTIVESSE DE CAPACETE, CERTAMENTE A HISTÓRIA SERIA OUTRA, POIS A COLISÃO NÃO FOI LÁ GRANDE COISA, O PRINCIPAL FOI A PANCADA DA CABEÇA NO SOLO ( Histórico de Acidentes com Ciclistas, Bicicletada Natal, 2011)
 
 
Desabafo - Fabiano - Ciclistas unir-vos!


Familiares e amigos prestam homenagem


"Pessoal é com enorme revolta, que noticio o falecimento de um amigo, nada comum, já perdi dois nesse maldito mês de abril. O que me deixa mais consternado e sentido, é que o cara era ciclista, amigo de infância, certamente uma de minhas inspirações a lutar por espaço para ciclistas que usam a bike em sua rotina diária como meio de transporte. Pois bem, não consigo nem raciocinar neste momento, o acidente aconteceu esta manhã, uma moto atropelou o Josué no bairro golandim Zona Norte de Natal.
 
"Quando entrei pra isso aqui, foi pensando em lutar pelos direitos do ciclista na cidade, como é de conhecimento de todos, sempre defendi uma ciclovia interligando, as zonas norte e sul com o centro, pois ai que estão os verdadeiros ciclistas da cidade. N'outra oportunidade em um acidente aqui perto de casa nesse caminho da ZN, anos atrás, houveram dezenas de propostas de manifesto em nome dos ciclistas falecidos em combate, assim que descrevo quem anda nesses corredores, pois então, o GHOST BIKE é excelente, gostaria muito de fazê-lo, sei que tenho apoio pra isso, mais queria avisar a todos que eu queira mesmo era cem, duzentos, trezentos ciclistas unidos numa hora dessas, pois será que nossa luta é válida? a união existe? será que morrendo um de nossos voluntários fariamos isso? podemos evitar?"
 
 
 
Presto minha solidariedade ao amigo Fabiano, Josué era seu amigo e companheiro de pedaladas. A perda não é só dele, mas de todos nós, como o próprio afirma, "ciclistas falecidos em combate". É isto mesmo, além de termos que conviver, nós ciclistas e pedestres, com o medo, não é raro ter amigos, companheiros de luta retirados de nossas vidas violentamente
 
Fatos como esse, particularmente, abala-me muito. Frequentemente, sentimo-nos atordoados, em meio a nossa revolta, e ao nosso choro que, muitas vezes somos obrigados a engolir, para não deixar perceber àqueles que nos exploram e oprimem  de que fomos atingidos em nossos corações frágeis.  Mas devemos chorar, devemos nos revoltar, mesmo, eles, querendo-nos impor a ideia de que tudo isso é natural, "foi apenas uma fatalidade",  porém, NÃO VAMOS ACEITAR ISSO!
 
 

 
Vivemos, na verdade, em uma ditadura, sim, o Brasil vive uma ditadura, mais expressa no termo da CARROCRACIA, a autocracia burguesa motorizada. Se não conseguimos nos adaptar a esse sistema, somos condenados a morte, agora mesmo, nesse exato momento, dezenas de ciclistas estão sendo mortos no Brasil, sem qualquer chance de defesa. Vivemos sob a cultura do medo, não temos direito a lazer, a sáude, a educação, somos obrigados a ficar presos dentro de casa, trancafiados, não temos sequer o direito a rua. O conceito de liberdade de ir e vir foi determinado por algo novo, não tão novo assim para realidade brasileira, a concentração não só de renda, mas de direitos - só é livre quem pode pagar pela liberdade neste país onde prospera a corrupção e a impunidade, a lei do mais forte, o "Darwinismo Social" tão presente nesta sociedade estúpida, perpassa as convenções de mercado, atinge as relações sociais, nelas que se reproduzem as desigualdades, a desumanidade cresccente de nossa vida  pseudo civilizada.
 
O que nos dizem as indústrias, como a Volks, a Fiat, Yamaha...Todas elas,  investindo quantias enormes em propagandas constantes na televisão, televisão esta que aliena. Sim, é verdade: "Bem-vindo a vida", quer dizer que a plebe que não pode ter um carro, que anda de ônibus e desloca-se de bicicleta não tem direito a vida?! Isso mesmo! Motorizar, se não pode ter um carro, pode uma moto, endivida-se, mas motorizar-se a todo custo como fosse resolver os problemas todos de nossas vidas. Será mesmo essa única alternativa? Realmente queremos isso? Ou nos impõe isso, necessidades muitas vezes que não existem?! 
 
Eu tenho medo, por que ando quotidianamente na Roberto Freire, a via mais perigosa de Natal, não tenho outra opção para chegar a UFRN. Tenho medo, mas não posso deixar o medo vencer. Se algo acontecer comigo não quero me tornar mais um número, não deixemos que Josué vire mais um número! Vamos a luta, luta essa pacífic, por mais amor, mais respeito, menos motor!
 
Não somos capazes de perceber as questões que são construídas, reproduzindo uma sociedade infame, desigual, e terrorista?! Porque nos omitimos? Quer dizer, somos brasileiros, dizem-nos, somos um povo pacífico, generoso e diverso. Realmente são valores que devemos instigar, mas por outro lado, possuímos o que nenhuma outra nação possui: o estúpido e perverso "jeitinho brasileiro". A parcela da sociedade que pode realmente mudar esse cenário - o povo - não falo das elites deste país que vampirizam a nossa riqueza, advinda do nosso trabalho, mas sim dos trabalhadores deste Brasil, das classes de base dessa estrutura econômico-social-espiritual-cultural, ainda responsáveis por dar a ela continuidade. Essa massa acomoda-se, sedentária, doente e manipulável. É o interesse do Poder Público burguês de mantermo-nos assim, o Estado, a televisão, as elites, que estão interconexas nesse processo foram capazes de nos ensinar como devemo-nos agir e pensar muito bem - somos algozes de nós mesmos.
 
Quando vamos nos libertar? Quando vamos colocar em primeiro plano a "vida humanidade" e a natureza que é nossa mãe? Quando vamos ter coragem de boicotar esse sistema, enquanto apenas sobrevivemos no medo. Josué é mais um que foi para a outra vida, e com certeza não nos abandonará na luta, tenho certeza que contamos com uma legião de bikersanjos do nosso lado, são eles que invisivelmente nos dão força para declarar resistência ao terror, a essa sociedade hipócrita e infantil.  
 
 
 
Não sentimo-nos abandonados, não podemos dizer que perdemos o nosso amigo. Os nossos repressores têm muito mais a perder do que nós, por isso não vemos vontade política, não é interesse do Poder Público transformar a sociedade, atuar em detrimento do egoísmo em benefício da coletividade, o bem-comum.
 
Herois, "ciclistas em combate", desarmados, não motorizados, estendendo uma bandeira de Paz, não obstante, machada de sangue, para inquirir dos gestores sua incompetência, do seu crime para com os direitos humanos, para com a vida. Os cidadãos podem comportar-se como colaboradores da iniquidade de governos que representam interesses os outros, olhos cegos, com vistas em não resolver problemas, apenas mediá-los de alguma maneira, minimamente para que nós, seus subordinados, não tornemo-nos inssurrectos a toda trama que nos enlaça feito bois.
 
União, organização, isso historicamente foi demonstrado pelos movimentos sociais que persistiram na luta por conquistas de direitos, que persistiram na luta por uma verdadeira transformação social. E nós ciclistas, somos muitos, unir-vos, unidos somos fortes. BICICLETADA!  
 
 
 
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18 de Maio de 2011, levemos nosso reivindico, nosso luto, nosso medo, nossa revolta, levemos o debate - Assembleia da Câmara Municipal de Natal, às 8h30, com o tema: " Importância da ciclovias em Natal". Raramente são oferecidos esses espaços, vamos comparecer!

4 comentários:

  1. Excelente Renato!!! tirando meu texto, o seu ficou ótimo!!! mais é com palavras desencontradas que podemos encontrar um caminho!

    abraços e obrigado!

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  2. Olá

    Gostei muito do blog, Dayvson que indicou. Em 2007, antes de ter bebê eu andava muito de bike por meu bairro, Ponta Negra, pra tudo que precisasse, pensei em ir pra faculdade de bike, pois a UFRN é perto. Fui uma vez e na volta vi que não ia aguentar. Estudo de manhã e o sol na volta não dá não. Cheguei em casa passando mal. Aí imaginei, e quando for trabalhar? Que tem que andar melhor vestida? Carregar coisas como notebook, livros... eu não dou conta do peso nem do calor. Acabei na carrocracia de vez agora que minha filha está com 1a e 4m, vou ter de passar um bom tempo assim.
    Me digam, como vcs fazem pra chegar aos lugares de modo apresentável nesse calor? E a vestimenta?
    Desculpe se estou muito distante da realidade de vcs, mas pelo menos quando dirijo eu respeito até um passarinho na via, pedestres e ciclistas eu paro para passar.

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  3. Além de defendermos a bicicleta como meio de transporte integrado também ao transporte coletivo, defendemos o uso inteligente do carro. Se no nosso trabalho ou faculdade, não há banheiros para tomar banho e se trocar, e se há o desejo de transporta-se pela bicicleta, no meu caso, eu faço seguinte: tomo um bom banho antes de sair, se chego no meu destino suado, alguns minutos ao ar livre pode secar o corpo; umedecer o pescoço e o rosto( o dito banho frances) e uma toalha ajuda tbm, são várias as possibilidades. Levar roupa do seu trabalho numa mochila para se trocar é uma boa, por exemplo. De manhã cedo é bom para pedalar, é frio, uma pedalada sem pressa ajuda a suar menos. Pedalando você adquire resistência, o sue pulmão se adapta até mesmo para respirar, seu corpo se adapta, isso é natural, mas é preciso dá uma continuidade. Hidratação é super importante tanto na ida quanto na volta para não passar mal mesmo. Com a experiência das pedaladas você vai naturalmente criando rotas, criando técnicas para que a pedalada seja mais segura e se não façamos esforços desnecessários. Algumas pessoas em virtude de não ter lugar para estacionar próximo aos locais de trabalho, levam a bike no carro, estacionam em um outro local, e seguem de bike para o trabalho, sem suar tanto e apresentável. São várias as possibilidades, e a criatividade de cada um. Se não podemos deixar o carro em casa, vamos usá-lo da melhor forma possível, compartilhando-o o seu uso através da carona solidária. Não raro pedalar torna-se mais confortável, e o beneficio é muito maior, do que pegar o carro, já que em nossa cidade o número de automóveis cada dia aumenta mais. Eu não sinto calor, mesmo quando pedalo no sol do meio dia, claro, me protejo do sol, sinto o vento no rosto, bebo uma água geladinha - a sensação é boa, as ladeiras são desafios facilmente superados, pedalar como meio de transporte não é tão difícil assim. Sempre reverso entre o ônibus e a bicicleta, mas o meu meio de transporte regular é de fato a bicicleta!

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  4. Segurança: capacete, luvas, sinalização da bicicleta, leds de luz, retrovisor esquerdo, conhecer as leis de trânsito que diz respeito a bicicleta, ajudam!

    Existem assentos que adapta-se próprios para bicicletas para bebês, se no caso, resolver pedalar com seu filho, atenção redobrada e capacete.

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